Junk websites: A onda de sites inúteis gerados por IA

Como mais de 140 grandes marcas estão desperdiçando seus orçamentos de publicidade em sites de baixa qualidade sem saber,  o que esses “Junk websites” significa para o futuro da publicidade e do jornalismo.

Em 2023, a NewsGuard, uma ferramenta que avalia a credibilidade dos sites de notícias, identificou 49 sites de notícias gerados por inteligência artificial (IA). Em menos de três semanas, esse número saltou para 125, um aumento de 155% em relação à contagem inicial de 49 sites, apontando para um aumento preocupante na exploração desta tecnologia para produzir sites de notícias de baixa qualidade.

Estes sites, gerando conteúdo em várias línguas incluindo o português, atraem publicidade algorítmica das principais marcas do ocidente, cujo investimento involuntário vai para estes espaços não confiáveis.

Os sites gerados por IA são categorizados como “não confiáveis” quando são apresentados de forma que os leitores possam assumir que são produzidos por jornalistas, mas há “fortes evidências” de que uma parte “substancial” do conteúdo é produzido por IA e que o conteúdo é publicado sem supervisão humana. Isso é especialmente evidente quando são publicados vários artigos que contêm erros ou mensagens “robóticas”.

A NewsGuard prevê que muitos sites de informação utilizarão ferramentas de inteligência artificial no futuro, mas com supervisão efetiva sobre o conteúdo. Esses casos não serão considerados sites não confiáveis.

A nova onda de sites criados por IA tem contribuído para a crescente desconfiança dos consumidores nas fontes de notícias, já que se torna cada vez mais difícil distinguir uma fonte confiável de uma fonte não confiável. Esses sites, identificados pela NewsGuard, produziram dezenas e até centenas de artigos de clickbait mal escritos, contendo falsas alegações, como rumores relacionados à morte de celebridades, eventos inventados ou apresentando eventos antigos como se tivessem ocorrido agora.

Os responsáveis por esses sites costumam escolher nomes genéricos e abrangem vários temas, desde política a tecnologia, entretenimento ou viagens. Além disso, esses sites normalmente “se denunciam” como sendo gerados por IA ao publicarem artigos que contêm mensagens relacionadas a chatbots de IA, como “eu não consigo completar esta tarefa”, “eu não tenho acesso a eventos a decorrer” ou “como um modelo de linguagem artificial”.

Fonte: technologyreview.com

 

A Ética em IA: Um olhar crítico sobre o uso em sites de notícias

A inteligência artificial tem o potencial de transformar muitos aspectos da nossa sociedade, incluindo a forma como produzimos e consumimos notícias. No entanto, com grandes avanços tecnológicos, surgem grandes responsabilidades. O recente aumento de sites de notícias gerados por IA levanta questões significativas sobre a ética na utilização desta tecnologia.

Um dos principais problemas é a falta de transparência. Muitos desses sites de notícias gerados por IA são apresentados de tal maneira que os leitores podem presumir que são produzidos por jornalistas humanos, quando na verdade a maior parte do conteúdo é produzida por algoritmos. Isso pode ser visto como uma forma de engano, violando os princípios éticos de honestidade e transparência.

Além disso, a qualidade e a confiabilidade do conteúdo gerado por IA podem ser problemáticas. Os sites identificados produziram dezenas e até centenas de artigos de clickbait mal escritos, por vezes contendo falsas alegações. Isso não só desvaloriza o jornalismo profissional, mas também pode levar à disseminação de desinformação, com consequências potencialmente graves para a sociedade.

Finalmente, há a questão do uso involuntário de publicidade por grandes marcas nesses sites de baixa qualidade. Isso levanta questões éticas sobre a responsabilidade das marcas e dos anunciantes em garantir que suas mensagens publicitárias não estejam apoiando ou financiando a propagação de desinformação ou conteúdo de baixa qualidade.

Para enfrentar essas questões éticas, é essencial que os desenvolvedores de IA adotem princípios éticos na concepção e implementação de suas tecnologias. Isso pode incluir garantir a transparência na geração de conteúdo, implementar medidas de controle de qualidade para o conteúdo gerado e garantir que a tecnologia seja usada de maneira responsável e com a devida supervisão.

Além disso, as marcas e os anunciantes devem ser mais diligentes em sua estratégia de publicidade para garantir que não estão inadvertidamente apoiando conteúdo de baixa qualidade ou enganoso. E os consumidores, por sua vez, precisam ser educados sobre as possíveis armadilhas e desafios do conteúdo gerado por IA, para que possam fazer escolhas informadas sobre as fontes de notícias que escolhem confiar.

Em suma, a ética na inteligência artificial é um tópico complexo que requer um exame cuidadoso e contínuo. À medida que a tecnologia continua a avançar, também devem avançar nossas discussões e práticas éticas para garantir que essas ferramentas poderosas sejam usadas de maneira responsável e benéfica.

A inteligência artificial tem o potencial de transformar a forma como consumimos notícias, mas é essencial que sua implementação seja conduzida com a devida consideração pela ética e integridade. Afinal, em uma era de desinformação e fake news, a confiabilidade e a qualidade das nossas fontes de notícias são mais importantes do que nunca.

 

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